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Álbum de Família (2017)

a partir da Coleção de Fotografia d’A Muralha

O impressionante espólio de fotografias d’A Muralha serve de inspiração a uma criação em duas partes interpretada pelos alunos das Oficinas do TO.

A história da representação das famílias de Guimarães, a sua iconografia tornada performance de teatro e dança no pátio da Casa de Memória (o melhor lugar metáfora deste trabalho)

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Direcção Isabel Costa (1ª parte) e Tânia Dinis (2ª parte)

Assistente criativo Tales Frey

Desenho de Luz Rui Monteiro

Direção Musical Óscar Rodrigues

Música Óscar Rodrigues e José alberto gomes

Interpretação Alunos das OTO's (Oficinas do Teatro Oficina)*

Colaboração Nuno Preto e Tiago Sarmento

Acompanhamento Artístico José Rafael e Mariana Costa (estagiários FCT)

Produção Executiva Teatro Oficina

Duração 80min

Classificação etária M/6

* (1ª parte) Albertina Castro, Ana Castro, António Matos, Eduarda Silvério, Francisca Silva, Inês Guedes, Isabel Gonçalves, Joana Ribeiro, José Miguel Fernandes, Lívia Hartmann, Matilde Paz, Nuno Pacheco, Sofia Costa, Sofia Edra, Sofia Laranjeiro

* (2ª parte) Adriana Rodrigues, Alexandra Rego, Ana Leonor Ferreira, Ana Ribeiro, Andreia Santos, Beatriz Alves, Beatriz Rodrigues, Elsa Machado, Fernando Sousa, Francisca Castro, Inês Moreira, Iola Castro, Isabel Fernandes, Joaquim Pedro, Lucas Sampaio, Mafalda Freitas, Mafalda Sousela, Maria Alves, Maria Leonor Cardoso, Matilde Costa, Patricia Cerdeira, Pedro Lobo, Rita Magalhães, Sara Teixeira, Sofia Gonçalves, Tomás

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Estreia 10 e 11 de Junho 2017 às 22:00, na Casa da Memória (inserido nos Festivais Gil Vicente)

Apresentação de Excertos das peças 04 Junho 2017 às 15:00, no Serralves em Festa 2017 / Relvado das Bétulas

       A convite do Teatro Oficina, as artistas Isabel Costa e Tânia Dinis lançam-se numa concepção cénica fragmentada em duas partes distintas. A partir do espólio de fotografias D’A Muralha, estas duas peças partilham o mesmo principio: o álbum fotográfico familiar. Este arquivo é testemunha e depositário de histórias que agora serão revisitadas, apropriadas e interpretadas pelas(os) alunas(os) das oficinas do Teatro Oficina. Grande parte dos álbuns de família, muitos deles preservados e arquivados, são de carácter amador. Quando uma família não se dirigia a um estúdio numa casa de fotografia para fazer um retrato, muitas vezes encenado, então, é porque havia em casa um(a) avô/avó, um(a) tio/tia, um(a) amigo(a) ou um(a) vizinho(a) que fazia esse registo íntimo e privado. Registos de diversos momentos e percursos que, ao longo de uma vida, foram se construindo. Hoje, quando nos deparamos com estes espólios fotográficos, temos a possibilidade de criar e ficcionar estes factos. A fotografia que capta o momento, que constrói histórias e eterniza identidades erigidas para a imagem, também nos apresenta espaços vazios, incertezas e falhas à total memória daquele registo. Tudo pode ser questionado, analisado e é na procura pela verdade daquele momento capturado e fixo que percebemos como a fotografia não nos revela tudo, criando então, a possibilidade de pensar e/ou repensar as várias perspectivas da sua história, transformando a memória num dispositivo capaz que dar potência à construção de uma narrativa.

 

       Na peça dirigida por Isabel Costa, o espólio d'A Muralha compõe a sua estrutura interpretativa abordando o corpo como suporte e veículo semântico, o instante e o momento, a imagem e a visualização, o espaço e o tempo. Os corpos dos intérpretes assumem-se como protagonistas e a “narrativa” vai se construindo pela envolvente visual e sonora, expondo imagens vivas onde os gestos, que se vão revelando e intensificando até ao fim da performance, tornam-se cada vez mais lentos, expandindo-se no tempo, até chegarem à própria ausência de movimento. O gesto, nesta peça, é apresentado como uma possível síntese narrativa das subjetividades que cada pessoa possui no instante em que pretende-se criar uma auto-representação. No fundo, procuramos sempre revelarmo-nos nos olhos do outro. Assim sendo, se a fotografia é superficial por não revelar a essência do que ela representa, esta peça propõe-nos o mergulho nas imagens, permitindo-nos desconstruí-las, recriando histórias, tornando-as íntimas e trazendo-as para o presente. Invoca-se, portanto, uma dimensão reflexiva nesta articulação entre imagem fotográfica e movimento, onde se procura atribuir sentidos e narrativas ao fluxo produzido pelos corpos.

 

       Momentos antes de se tirar uma fotografia um corpo de pessoas, de diferentes idades e com diferentes experiências e percursos de vida, são confrontados por Tânia Dinis, com uma sequência de imagens e são convocados a partilharem memórias que lá habitam. Neste momento fotográfico, é utilizado um dispositivo de vídeo para transportar e transformar estas memorias através de objectos, filmes, diapositivos, cartas, postais, fotografias de situações domésticas e da sua intimidade. Neste partilha é possível encontrar, animais, jogos, desenhos, retratos, registos de paisagens, passeios, viagens, festas, casamentos, o crescimento e a evolução dos elementos familiares. Experiências, sentimentos, registos subtis do dia a dia, que dando-lhes a possibilidade de se multiplicarem, se desdobrarem em outras memórias criam assim, pequenas legendas narrativas, num diálogo com o passado e presente. O resultado deste momento, tem como objectivo a criação de um novo álbum de família que continua aberto a várias leituras, pois ao utilizarmos as ferramentas – fotografia e memória, estamos a usar a sua capacidade de se ligarem a um acontecimento passado permitindo a este grupo de pessoas uma partilha íntima e familar. Procuramos  uma conversa, onde dos diálogos crescem relações e jogos de afectos, relembrando,criando, ficcionando recordações, fazendo deslocações de momentos originais, ou não, no tempo e espaço. Abrimos e folheamos este álbum que conta agora novas histórias, ou as histórias que queremos ver.

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